DIA DO MEIO AMBIENTE. TEMOS MOTIVOS PARA COMEMORAR?
"O que fizemos com o
mundo?
Veja o que fizemos
E toda a paz Que você
prometeu ao seu único filho? E os campos floridos? Existe um momento?
E todos os sonhos Que você
disse que eram seus e meus?
Você já parou para
perceber?"
(Trecho
traduzido de Earth Song , escrita e
interpretada por Michael Jackson em 1995)
No dia 05 de junho de 2019, aqui no
Brasil, houve a comemoração do Dia do Meio Ambiente. No entanto, o que pairou
sobre a cabeça das pessoas que de fato se preocupam com as questões ambientais
do país foi: o que comemorar diante da conjuntura atual?
Para tentar responder a essa questão,
basta olharmos para o cenário que, no momento, se compõe da seguinte maneira:
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Pela primeira vez na história do país, há um
ministro do Meio Ambiente que tem se revelado contra o meio ambiente e
claramente a favor do desenvolvimento ruralista desenfreado;
-
A preocupação com o meio ambiente nunca foi
pauta da campanha do atual governo e, após ser eleito, a situação de total
descaso (ou de leviandade) só se mostra mais escancarada.
Época (09/05/2019)
-
De acordo com dados do INPE (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), o mês de maio do corrente ano registrou o maior índice
de desmatamento na Amazônia Brasileira, com cerca de 739 km2 de área desmatada, o que equivale a
dois campos de futebol por minuto.
-
Lideramos, ao lado dos Estados Unidos, o ranking
de países que mais alteram a sua legislação ambiental;
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As multas do ICMBio caíram cerca de 50% e seu
presidente pediu demissão. Além de ter havido a demissão, no mínimo suspeita,
do funcionário que aplicou uma multa ao presidente.
Folha
de São Paulo (15/05/2019)
-
Projetos de lei que visam o desmanche de áreas
de proteção estão tramitando no congresso;
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O Brasil segue aceitando o uso deliberado de
quase 170 tipos de agrotóxicos, alguns dos quais já estão proibidos em vários
outros países pelos seus efeitos cientificamente comprovados à saúde humana.
Correio
Brasiliense (21/05/2019)
A lista poderia ser mais extensa e conteria mais barbaridades
como essas.
O que só denota, de maneira nítida, não haver motivo algum
para comemorações!
O Brasil configura-se com a extensão mais
biodiversa do planeta e, consequentemente, deve ser visto como o principal alvo
de intervenção para a manutenção do equilíbrio da vida na Terra. É de grande
obviedade, ou pelo menos deveria ser, que o Estado e a população deveriam ser
os principais agentes protetores. Infelizmente, não funciona dessa
maneira.
O trecho apresentado no início da matéria,
revela a preocupação do autor já no ano de 1995 sobre muitas das ações
antrópicas realizadas. A luta pelo resguardo da vida contou com nomes como
Rachel Carson, Chico Mendes e outros, em décadas anteriores a essa. Foram lutas
de grande esforço e empenho, chegando a custar a vida de muitos, mas que, no
entanto, parecem passar despercebidas pelos olhos atuais. O que de fato parece
estar ocorrendo, em especial no Brasil, é uma regressão das conquistas até
então alcançadas, somada de um sentimento demasiado ganancioso, disposto a
abrir mão de seu bem mais precioso por um futuro escasso e caótico.
A situação precisa ser modificada de forma
imediata, ou corremos o risco de entrarmos em um ciclo irreparável, do qual já
sabemos o resultado.
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