TATUS (Dasypodidae)
Os Tatus (Dasypodidae) pertencentes à superordem Xenarthra são caracterizados pela presença de articulações adicionais entre as vértebras lombares. Dentro desse táxon são encontradas as ordens Cingulata, na qual estão incluídos os mamíferos possuidores de carapaça, os tatus, que utilizam essa estrutura para defesa contra predadores e proteção contra danos causados pela vegetação; e a ordem Pilosa, que se caracteriza pela pelagem densa e presença de dentes pouco desenvolvidos ou sua total ausência. O tatu é um animal onívoro, pois se alimentam de insetos como formiga e cupins, além de outros invertebrados e de raízes, folhas e vegetais. São terrestres e possuem hábitos fossoriais, ou seja, é um animal adaptado a escavar o solo, e vive normalmente abaixo do mesmo (ICMBio,2018).
Tatu. Fonte: Guia animal |
Os tatus são parte de um grupo com uma história evolutiva única na América do Sul, conhecido como Xenarthra, do qual também fazem parte os tamanduás e preguiças (Wetzel, 1985). Esses animais estão entre os mais antigos mamíferos placentários, que divergiram dos outros mamíferos há cerca de 103 milhões de anos atrás e são encontrados desde a Argentina até o sul dos Estados Unidos ( Wetzel et al., 2008). Há vários séculos os tatus desempenham um papel fundamental no funcionamento dos ecossistemas neotropicais, atuando como engenheiros do ecossistema, no controle de insetos e dispersão de sementes (Rodrigues et al., 2019). Logo, ele vem trazendo grandes benefícios à natureza até os dias atuais.
Pintura rupestre retratando uma cena de caça a um tatu, no Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, Nordeste do Brasil. Foto Liana Sena. |
Existem nove gêneros e 20 espécies reconhecidas de tatus e 12 espécies existentes são encontradas no Brasil (Quintela et al., 2020). Entre estas, a única exclusivamente brasileira é o tatu-bola Tolypeutes tricinctus Linnaeus 1758 (ICMBio, 2018).
Uma curiosidade desses animais é que o tatu-bola foi considerado extinto na natureza (Cole et al., 1994). Entretanto, na década de 1990, pesquisadores redescobriram a espécie na Caatinga, domínio do qual era considerada endêmica (Santos et al., 1994), e em 1996 foi encontrada em uma região do Cerrado, no oeste do estado da Bahia. Contudo, estima-se que nos últimos 30 anos, a espécie tenha sofrido pelo menos 50% de redução nas suas populações, principalmente devido à caça para consumo da carne e a perda do habitat – desmatamento e lenha na Caatinga e expansão da agricultura no Cerrado (Reis et al., 2016). Esse cenário contribuiu para a espécie ser considerada “vulnerável” a extinção (VU) pela União Internacional para a Conservação da Natureza, pelo critério A2cd e “Em Perigo” na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente (CONABIO, 2021).
REFERÊNCIAS
Feijó, A.; Garbino, G.S.T.; Campos, B.A.T.P.; Rocha, P.A.; Ferrari, S.F. & Langguth, A. 2015. Distribution of Tolypeutes Illiger, 1811 (Xenarthra: Cingulata) with comments on its biogeography and conservation. Zoological Science, 32: 77-87.
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção.Volume II – Mamíferos. 1. ed. Brasília, DF: ICMBio/MMA, 2018.
Quintela, F.M., Da Rosa, C.A., Feijó, A., 2020. Updated and annotated checklist of recent mammals from Brazil. An. Acad. Bras. Cienc. 92, 1–57.
Reis, M. L., Chiarello, A. G., Campos, C. B., Miranda, F. R., Xavier, G. A. A. Mourão, G. M. José Ohana, A. B., Barros, N. M., Anacleto, T. C. S. Avaliação do Risco de Extinção de Tolypeutes tricinctus (Linnaeus, 1758) no Brasil. 2016. In: Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros / editor Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Brasília, DF: ICMBio; 2016. 250p.
Rodrigues, T.F., Mantellatto, A.M.B., Superina, M., Chiarello, A.G., 2019. Ecosystem services provided by armadillos. Biol. Rev. 95, 1–21.
Santos, I.B., Fonseca, G.A.B., Rigueira, S.E., Machado, R.B., 1994. The rediscovery of the Brazilian three banded armadillo and notes on its conservation status. Edentata 1, 11–15
Wetzel, R. M., Gardner, A. L., Redford, K. H.; Eisenberg, J. F. 2008. Order Cingulata. In: Mammals of South America, Volume 1. Marsupials, Xenarthrans, Shrews, and Bats. Gardner, A. L. (ed.), 128–156. The University of Chicago Press, Chicago.
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