ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE URUÇUÍ-UNA (ESECUU) E BURITI (Mauritia flexuosa)
A Estação Ecológica de Uruçuí-Una (ESECUU) foi criada pelo governo federal a partir do Decreto 86.061 de 02 de junho de 1981, juntamente com outras sete Unidades de Conservação (BRASIL, 2022). Atualmente, o órgão responsável pelo manejo e proteção da ESECUU é o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ISA, 2021).
Figura 1: Estação Ecológica de Uruçuí-Una. Fonte: Grupo PET. |
Ela
está localizada no sudoeste do Piauí, no município de Baixo Grande do Ribeiro
(44º57’49” W e 8º53’02” S), nas bacias hidrográficas do rio Riozinho e rio
Uruçuí-Preto, com uma área de 135.000 ha (ICMBIO, 2021). Na região, o relevo é
formado por extensas chapadas e vales ao longo dos rios. A cobertura florestal
nas chapadas é formada principalmente pela vegetação típica de cerrado sensu stricto e campo sujo, com densa
cobertura de gramíneas, arbustos e árvores baixas esparsas.
Figura 2: Mapa da Estação Ecológica de Uruçuí-UNA. Fonte: Azevedo, 2021. |
Estamos dando início a diversas publicações de artigos aqui no blog falando sobre algumas espécies da flora e fauna que são encontradas dentro da ESECUU. Abaixo iniciamos com o buritizeiro, uma das espécie mais abundante na Estação.
FLORA
DA ESECUU: BURITIZEIRO
O buriti (Mauritia flexuosa) é uma espécie de palmeira de origem amazônica, também conhecida pelos nomes de buriti-do-brejo, carandá-guaçu, carandaí-guaçu, coqueiro-buriti, itá, palmeira-dos-brejos, buritizeiro, meriti, miriti, muriti, muritim, muruti. Pertencente à família Arecaceae, a palmeira de buriti se encontra distribuída por alguns estados brasileiros, como Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Ceará (CARNEIRO; CARNEIRO, 2011). É exigente em grande quantidade de água para o seu desenvolvimento, por isso a presença do buriti é uma boa indicação de um solo úmido com algum curso d’água por perto.
Figura 3: Árvore de buritizeiro (Mauritia flexuosa). Fonte: Google Imagens. |
Os frutos de buriti são
avermelhados, cobertos por uma escama de cor avermelhada e lustrosa. A polpa
amarela cobre sua semente oval que é bastante dura. Estudos
realizados no Cerrado brasileiro afirmam que a frutificação do buriti ocorre
entre os meses de novembro a dezembro, enquanto que na região amazônica se dá
entre os meses de janeiro a julho, podendo variar de 7 a 11 meses (AFONSO;
ÂNGELO, 2012).
Figura 4: Cachos com os frutos do Buriti e frutos descascados aparecendo a polpa amarela. Fonte: Museu do Cerrado e Google Imagens.
Os
frutos da palmeira de buriti, após o desprendimento dos cachos, tornam-se
frágeis, bastante perecíveis e sujeitos a contaminação, sendo necessário
cuidados especiais no manuseio, embalagem e transporte. Já os frutos coletados
diretamente dos cachos, são livres de contaminação e não perecíveis, além de
não necessitarem de muitos cuidados durante o manuseio, embalagem e transporte
(RABELO; FRANÇA, 2015).
A
palmeira apresenta grande importância para as comunidades locais, com seu uso
na culinária, artesanato, medicina popular e na engenharia. A espécie chamada
pelos povos indígenas de “árvore-da-vida” é totalmente aproveitada por
comunidades em áreas de extração, sendo os produtos fabricados a partir dela
bastante difundidos nas comunidades indígenas e extrativistas da região
amazônica, além da importância no comércio local do norte e nordeste do país
(AFONSO; ÂNGELO, 2012). Dentre as diversas utilidades pode-se destacar que do
fruto se extrai a polpa para a fabricação de doces e sorvetes; o óleo é usado
para o preparo de pratos culinários, produção de cosméticos e combustível; das
folhas novas retira-se a fibra para confecção de bolsas, redes e cestos; as
folhas adultas são utilizadas na cobertura de casas; e do pecíolo são
produzidos móveis e utensílios. Dele, também se extrai um palmito que é
comestível, além de ser usado como matéria-prima na produção de picolés e até
vinhos.
Figura 5: Produtos artesanais confeccionados a partir da s diferentes partes do buritizeiro. Fonte: Google Imagens.
Trabalhos
realizados no estado do Piauí e ou na Estação Ecológica de Uruçuí-Una sobre a
fenologia, colheita, amadurecimento pós-colheita, beneficiamento e agregação de
valor dos frutos de buriti são escassos ou inexistentes. Assim como a palmeira
de buriti, existem no Brasil, outras diversas palmeiras com potencial econômico
quase que desconhecido e inexplorado, ficando sua utilização restrita a
pequenas regiões e comunidades (DE SOUZA et al., 1984). É evidente a
importância de caracterizar e descrever essas espécies, visando a utilização
dessas informações em estudos futuros e na própria conservação desses biomas.
Além disso, ter conhecimento acerca das transformações pós-colheita dos frutos
é de extrema relevância para o setor industrial, possibilitando desenvolver
novas tecnologias de armazenamento, transporte e embalagens.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, S. R.; ÂNGELO, H. A cadeia produtiva do buriti (Mauritia sp). Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília, Brasília, 2012. Disponível em: www.cnf.org.pe. Acesso em fevereiro de 2022.
BRASIL. Decreto Nº 86.061, de 2 de Junho de 1981. Cria Estações Ecológicas e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília-DF, 02 de junho de 1981; 160º da Independência e 93º da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D86061.htm>. Acesso em 02 março 2022.
CARNEIRO, T. B.; CARNEIRO, J. G. M. Frutos e polpa desidratada de buriti (Mauritia flexuosa L.): aspectos físicos, químicos e tecnológicos. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 6, n. 2, p. 105-111, 2011.
DE SOUZA, M. C. P.; MAIA, G. A.; GUEDES, Z. B. L.; ORIÁ, H. F.; HOLANDA, L. F. F. Amadurecimento natural e artificial do buriti. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 19, n. 7, p. 891-896, 1984.
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio). Categorias. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/categorias.html. Acesso em: 03 maio de 2021.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). Unidades de Conservação no Brasil: Estação Ecológica Uruçuí-Una. Disponível em: https://uc.socioambiental.org/uc/597755. Acesso em: 02 maio 2021.
RABELO, A.; FRANÇA, F. Buriti: coleta, pós-colheita, processamento e beneficiamento dos frutos de buriti. Manaus: Editora INPA, 2015. 44p.
0 comentários