DADOS DE DESMATAMENTO NOS ESTADOS BRASILEIRO

14:03:00 Grupo PET-Intervenção Socioambiental em Uruçuí-Una 0 Comments Category :


Dando continuidade à programação sobre a Semana do Meio Ambiente, o grupo realizou discussão interna sobre os dados de desmatamento de alguns estados brasileiros. Cada PETiano ficou responsável por levantar dados de um Estado, buscando informações de 2020 e dos anos anteriores sobre o desmatamento, além de falar sobre os biomas presentes no território do Estado. Os estados selecionados foram: Bahia, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Acre, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco, Rio Grande do Norte.


A região amazônica foi a área mais desmatada no Brasil. Abril de 2020 revelou-se com os maiores números dos últimos dez anos. Com 529 km² de floresta derrubada, a região teve no mês passado (maio), um aumento de 171% em relação a abril de 2019. Os estados que lideraram o desmatamento no primeiro trimestre de 2020 foram o Mato Grosso, com 267,07 km² desmatados e o Pará, com 257,24 km² (Figura 1).



Figura 1: Desmatamento na Amazônia Legal em Km2 dos estados brasileiros  
Fonte: Site O Eco
Em alguns estados brasileiros ainda não se tem notícias de desmatamento do primeiro trimestre de 2020, como o Tocantins. Contudo, quando se comparam, no estado, dados de 2020 com dados de anos anteriores pode-se observar que o desmatamento de áreas de Cerrado no Tocantins registrou os menores valores de 2016 a 2019, com aproximadamente 1,6 km2 por ano. A mesma tendência deu-se na região amazônica do Tocantins, embora mais desmatada que o Cerrado, mas com os menores valores registrados em 2018 e 2019 (6,3 km2). O estado tem 221,25 km2 de área de floresta amazônica desmatada, o que corresponde a 0,28% da área total. Em contrapartida, para se ter uma ideia, Pará já desmatou 44,1% de área de Amazônia (Figura 2).
Figura 2: Desmatamento de Cerrado no Tocantins entre 2001 e 2019.
Fonte: Terrabrasilis
Apesar dos bons resultados em anos anteriores, e de ainda não termos dados por estado sobre os desmatamentos, 2020 já chegou a taxas de desmatamentos praticamente iguais ao ano inteiro de 2016 e de 2018, com mais de 400 km2 de Amazônia desmatados (Figura 3).
Figura 3: Desmatamento anual na Amazônia do estado do Tocantins entre 2001 e 2019.
Fonte: Terrabrasilis
Já na região Nordeste, o estado do Piauí também não possui dados de 2020. Todavia, nos anos anteriores, os dados de desmatamento demostram que em 2018 o estado registrou um aumento de 26% na taxa de desmatamento da Mata Atlântica, ficando em 4° lugar no índice de desmatamento com 1.478 ha desmatados (Figura 4).
Figura 4:  relatório anual da SOS Mata atlântica de 2018.
Fonte: SOS Mata Atlântica

Seguindo a tendência da região amazônica, o estado do Pernambuco continua com elevados índices de desmatamento. Mesmo com a pandemia, já foram registrados 1.204 km2 de áreas desmatadas. O primeiro trimestre de 2020 apresentou uma queda de 5,4% nos alertas de desmatamento em relação ao mesmo período de 2019, que chegou a 1.273 km2, conforme o sistema Deter de monitoramento por satélite, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O que aumentou em 2020 foi a participação da exploração de madeira. Entre os vetores do desmatamento, ela é responsável por 20,4% do desmatamento neste ano. O corte seletivo de espécies, que marca a exploração madeireira, foi responsável por 246,8 km2 do total do desmatamento observado na região neste primeiro trimestre. O número é 133% maior do que o mesmo período de 2019, quando o corte seletivo abrangia 106 km2, representando apenas 8,3% do total de desmatamento para o primeiro trimestre daquele ano.
Continuando na região Nordeste, a Bahia é vice-campeã de desmatamento na Mata Atlântica. Entre 2018 e o ano passado (2019) o estado perdeu 3,5 mil hectares de floresta nativa. Considerando o período atual e o anterior, a Bahia teve um aumento de 78% de desflorestamento
Já para o estado do Maranhão, cujo biomas são cerrado (64%), Amazônia (35%) e Caatinga (1%). O estado perdeu cerca de 80% da floresta amazônica nos últimos 70 anos. Principalmente para atividade agropecuária, além disso o estado possui a 5° colocação no ranking dos estados que mais desmatam o Cerrado (Figura 5).
Figura 5: Dados do desmatamento do bioma Cerrado por Estado.
Fonte: TerraBrasilis
Na contramão do país, o Rio Grande do Norte zerou o desmatamento das áreas de Mata Atlântica em 2019, segundo o Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), realizada desde 1989.
Em um ano, a quantidade de hectares desmatados cresceu 27% no Brasil, passando de 11.399 entre 2017 e 2018 para 14.502 entre 2018 e o ano passado. O bioma conta com legislação própria para preservação.
Já para o estado de Goiás, na região Centro-Oeste o bioma que predomina é o Cerrado, apresentando a terceira maior área de vegetação, e tem forte perfil produtivo sob atividade agropecuária.  Com isso possui muitos municípios com altos índices de desmatamento para o desenvolvimento dessas atividades (Castro, 2012)
O estado de Goiás tem apresentado ganhos de participação na riqueza gerada nos últimos anos, e em virtude disso, a expansão da agricultura, pecuária e as carvoarias têm destruído áreas de preservação do Cerrado. De acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás (SEMARH/GO, 2012), mais da metade dos municípios goianos mantém menos de 20% de mata nativa. O desmatamento avança sobre as áreas de reservas legais nas propriedades rurais do Estado, contrariando a legislação que prevê a manutenção de matas nativas de Cerrado. (Castro, 2012). De acordo com dados do Terrabrasilisis é possível observar que a taxa de desatamento teve um leve decréscimo quando comparado com 2018 e 2019 (Tabela 1). 
Ano
Área (km²)
2001
6.621,05
2002
6.621,05
2003
6.172,83
2004
6.172,83
2005
2.459,88
2006
2.459,88
2007
1.504,24
2008
1.504,24
2009
1.459,57
2010
1.459,57
2011
973,43
2012
973,43
2013
1.502,23
2014
1.181,59
2015
1.218,12
2016
646,55
2017
841,98
2018
713,27
2019
651,32
Tabela 1: Dados de desmatamento em Goiás entre 2001 e 2019
Fonte: Terrabrasilis

Voltando à região Norte, o estado do Acre foi o estado que menos desmatou na Amazônia Legal, apesar do aumento quando comparado aos anos anteriores. No ano passado, o estado desmatou 2 km² em abril e este ano, no mesmo período, desmatou 6 km². O desmatamento da Amazônia legal no estado representa apenas 1% do total desmatado (Figura 6). 
Figura 6: dados de desmatamento da Amazônia Legal
Fonte: Sistema de Alerta de Desmatamento
O que é possível perceber, diante dos dados expostos, é que o desmatamento que ocorre nos estados do Norte, em especial Mato Grosso e Pará, elevam consideravelmente a área desmatada na região amazônica, enquanto outros estados mantêm-se com taxas muito baixas de desmatamento. O primeiro trimestre de 2020 revelou taxas muito altas de desmatamento no bioma, quando comparado ao mesmo período de 2019.
O Cerrado é o segundo bioma que mais tem sofrido com a pressão antrópica, em especial para a produção agropecuária. Por outro lado, a Mata Atlântica, tão reduzida em área, mostra-se com desmatamentos em pontos isolados, em pequenas áreas. Dados sobre desmatamento em Caatinga não estão amplamente disponíveis.
Enquanto, por um lado, a natureza reflete em sua qualidade os efeitos da quarentena pelo mundo inteiro, em especial pela redução da poluição; por outro lado, o Brasil mostra aumento no desmatamento, em um momento tão delicado, em que a população bisca se proteger do corona vírus. Temos pouco a comemorar nessa semana do meio ambiente e muito a lutar pra que os recursos naturais não sejam esgotados.

Referencias
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/05/18/desmatamento-da-amazonia-em-abril-foi-o-maior-em-10-anos-diz-instituto.ghtml
https://www.oeco.org.br/noticias/desmatamento-na-amazonia-atinge-nivel-recorde-no-primeiro-trimestre-de-2020/
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/05/08/alertas-de-desmatamento-na-amazonia-crescem-em-abril-mostram-dados-do-inpe.ghtml
https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2020/05/20/mesmo-com-aumento-acre-foi-o-estado-que-menos-desmatou-na-amazonia-legal.ghtml




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