1 ° SEMINARIO PERSPECTIVAS POPULARES DO PROJETO MATOPIBA

13:58:00 Grupo PET-Intervenção Socioambiental em Uruçuí-Una 0 Comments Category :



         Durante os dias 28 e 29 de abril ocorreu no auditório do Campus Professora Cinobelina Elvas (CPCE), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o “1º Seminário Perspectiva Populares do projeto MATOPIBA”, tendo como tema a discussão sobre a regulamentação do projeto MATOPIBA, instituído por meio do Decreto-Lei 8.447, de 06 de maio de 2015, que dispõe sobre um Plano de Desenvolvimento Agropecuário nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, visando o desenvolvimento da agricultura e da pecuária na região.
      As discussões abordadas no evento foram realizadas por docentes da Universidade Federal do Piauí (UFPI), representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Movimento Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG), da Federação da Agricultura do Piauí (FETAG) e da Rede Social de Justiça e direitos Humanos (ONG REDE SOCIAL). Além destes, também participavam do momento agricultores familiares, discentes e docentes da UFPI/CPCE.

Agricultores familiares, docentes e discentes da UFPI

         Na cerimônia de abertura da manhã do dia (28), iniciada pelo Professor Davi Borges, o mesmo relatou que a ideia de criação do evento surgiu com um grupo de debates de estudantes do curso de Licenciatura de Educação do Campo (LEDOC), ressaltando também a relevância do mesmo. O Diretor do CPCE Prof. Dr. Stelio Bezerra, que também estava compondo a mesa de abertura, tornou aberta a solenidade, destacando a importância do curso LEDOC pela a iniciativa na criação do evento e o dever da Universidade de assumir o protagonismo de discutir sobre o MATOPIBA já que a mesma está inserida estrategicamente na área de abrangência do projeto. Compondo a mesa de abertura juntamente com os demais, o Juiz da Vara Agrária do Piauí, Dr. Heliomar Rios em sua fala mostrou preocupação com os movimentos socais pela desorganização na luta pelos seus direitos e a necessidade do cumprimento da regularização fundiária.  

Mesa de abertura do Seminário. 
        
Apresentação cultural de abertura do evento.

       O vice-presidente da ASA BRASIL, Carlos Humberto Campos, em sua fala, afirmou: “estamos mudando o rosto e o cenário que foi construído a partir de uma ótica de desenvolvimento para o nosso Semiárido brasileiro. Por isso que nós enquanto Fórum, enquanto ASA, estamos aqui hoje para firmar uma parceria com os companheiros de sindicato, e a FETAG que também faz parte dessa articulação. Não queremos dizer que somos contra o desenvolvimento nos queremos o desenvolvimento, por que precisamos desenvolver alimentos e energia, mas não existe desenvolvimento sustentável sem olhar para o povo e para a terra. A concepção do MATOPIBA é uma concepção de mudança de paisagem, onde tem uma agricultura sem agricultor e sem agricultora e não queremos isso, nós queremos um projeto de desenvolvimento que garanta a melhoria e qualidade de vida. Queremos parabenizar, pois hoje sentimos que a Universidade abriu as portas para a sociedade, isso é um salto de qualidade, isso demostra que estamos avançando”.
        Atendendo ao conteúdo programático no 1° dia, foram realizadas as seguintes palestras: “Projeto oficial do MATOPIBA” (Saulo Barros da Costa, Articulação das CPT’s do Cerrado, membro LEPEC/UFPE e GERER/UFMA); “Os investimentos estrangeiros no MATOPIBA” (Fábio Teixeira Pitta/ONG Rede Social); “Impactos de grandes projetos no bioma Cerrado” (Gregório Borges- Coordenador da CPT- PI); e “Percepção campesina sobre o projeto do MATOPIBA” (FETAG-PI, Elisangela Maria dos Santos Moura), encerrando a programação do dia. No 2° dia, em continuidade à programação, ocorreram as palestras: “Situação fundiária do Piauí” (Heliomar Rios/Juiz da Vara Agrária do Piauí e Francisco Santiago, promotor da Vara Agrária de Bom Jesus); “Perspectiva dos povos do semiárido da região MATOPIBA” (Carlos Humberto Campos, Vice-presidente da ASA BRASIL, e coordenador do Fórum Piauiense de convivência com Semiárido) e a tarde Plenária Final e encerramento.
         Ao decorrer do evento foi discutido sobre o decreto do projeto MATOPIBA, o qual no art.1° afirma que o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do mesmo tem por finalidade promover e coordenar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável fundado nas atividades agrícolas e pecuárias que resultem na melhoria da qualidade de vida da população. Desenvolvimento sustentável que os agricultores familiares tanto questionaram, já que, segundo eles, este deve incluir além de desenvolvimento econômico o desenvolvimento social e ambiental, melhoria de qualidade de vida, disposta no decreto, que os pequenos agricultores relataram não corresponder com a realidade.
         Ao final de cada palestra foi aberto espaço para perguntas e nestes momentos via-se um certo sentimento de revolta na fala dos agricultores ali presentes, em uma das falas uma agricultora, Maria de Fátima Rodrigues, pedia: “queremos desenvolvimento que respeite nossa cultura, nosso conhecimento, nossas terras, nossas nascentes”.
         O MATOPIBA, segundo a Embrapa, abrange 337 municípios e 31 microrregiões, num total de 73 milhões de hectares no qual dentro existem 28 terras indígenas, 42 unidades de conservação, 865 assentamentos e 34 quilombos. E é por essas abrangências que as organizações sociais presentes se mostraram estar lutado, pela defesa social, além da ambiental, defendendo um dos principais biomas do país – Cerrado. O projeto abrange territorialmente as áreas de cerrado nos quatro estados ameaçando a fauna, a flora, as terras e os recursos hídricos, segundo os representantes sociais.
         Quando perguntados se o evento atendeu as expectativas a representante da agricultura familiar – Maria de Fátima Rodrigues falou: “Ultrapassou a quantidade e qualidade de pessoas, onde teve uma interação expositiva dos participantes, onde a Universidade Federal do Piauí-CPCE, mostrou-se aberta para o diálogo com a sociedade.” O Prof. Davi Borges do curso de Licenciatura em Educação do Campo destacou: “Inesperado, não imaginei a repercussão tamanha, sendo bastante elogiado, com expectativas para o próximo”.

Agricultora familiar Maria de Fátima.

Ainda quanto às perspectivas do evento o Prof. Davi Lima Pantoja, afirmou: “O I Seminário Perspectivas Populares sobre o MATOPIBA realizado nos dias 28 e 29 de abril superou seus objetivo reunindo na universidade representantes de comunidades tradicionais rurais para refletir sobre o Programa MATOPIBA, para melhor compreende-lo e para pensar as consequências diretas e indiretas sobre os territórios do Piauí abarcado pelo Programa (i.e., Território Chapada das Mangabeiras e Território Alto-Médio Parnaiba). Outros objetivos alcançados pelo Seminário foram 1) fomentar a articulação entre as iniciativas populares para que as vozes dos agricultores e agricultoras familiares sejam consideradas no processo de implementação do MATOPIBA; 2) constituir o Grupo de Trabalho (GT-Cerrado Vivo) com a atribuição de realizar a interlocução dos povos tradicionais e os administradores públicos e demais atores sociais envolvidos na problemática do MATOPIBA; e 3) apontar ações chave para a atuação desse GT. O evento contou com mais de 500 participantes, de vários seguimentos da sociedade: camponeses, autoridades dos poderes executivo e judiciário, professores, técnicos e estudantes universitários com os quais conseguimos avançar no rumo da construção de outra lógica de desenvolvimento para região, que considere a diversidade dos povos, as riquezas naturais, e os potenciais endógenos da região. Nesse sentido, reafirmamos o papel da universidade pública e em especial do nosso campus estabelecido no sul do Piauí, em contribuir com as causas dos Povos do Cerrado e celebramos o sucesso do evento.”

RELATED POSTS

0 comentários