CAATINGA AJUDA NO COMBATE DO AEDES AEGYPTI
Ao analisarem plantas coletadas no Parque Nacional do Catimbau, no Sertão de Pernambuco, pesquisadores verificaram que óleos essenciais da umburana e da cutia ajudam no combate do mosquito da dengue. Mas as plantas também podem ser encontradas em Sergipe e no Espirito Santo.
Os pesquisadores são do Núcleo de Bioprospecção da Caatinga (NBioCaat), uma rede de pesquisadores gerenciada pelo Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI) que perceberam que óleos essenciais de Commiphora leptophloeos, nome científico da umburana, ajudam a combater a larva do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, chicungunha e zika.
Os
estudos também concluíram que a ação de óleos essenciais de Eugenia brejoensis,
conhecida como cutia, uma espécie da família Myrtaceae (família da pitanga e goiaba),
foi considerada moderada, sendo capaz de exterminar até 50% das larvas dos
mosquitos nos testes.
De
acordo com o pesquisador Alexandre Gomes da Silva, do NBioCaat, “para
chegar a essa conclusão, usamos um modelo da Organização Mundial de Saúde, que
consiste em preparar uma solução de água com óleo da planta numa determinada
concentração. Em seguida, as larvas do mosquito foram colocadas nesse preparo
por 24 horas. Passado esse tempo, percebemos que a dose usada matou 50% das
larvas, o que pode contribuir para combater o Aedes, hoje considerado um grande
problema”.
Ainda
segundo o pesquisador o uso indiscriminado, no entanto, pode favorecer a
resistência dos mosquitos aos inseticidas e que o controle químico tem
eficácia contra o inseto, mas é nocivo ao meio ambiente, diferentemente da
substância que possa ser usada como inseticida natural.
Os pesquisadores
pretendem desenvolver um biopesticida com compostos de plantas da Caatinga que
possam contribuir para o enfrentamento às doenças transmitidas pelo mosquito,
que já chegam a 50 milhões só os casos de dengue segundo a OMS, doenças que vem
preocupando a sociedade brasileira.
Logo, analisando- se a relevância
de pesquisas como esta vê – se a importância de se preservar biomas tão
importantes como a Caatinga e o Cerrado brasileiro, que apresentam crescente
demanda para a conservação da biodiversidade local que garantam a manutenção do
equilíbrio ecológico dos ecossistemas, além de apresentarem um imenso potencial
para a produção de bens e serviços ambientais, aliado ao uso sustentável com
investimentos em bioprospecção – pesquisas voltadas à exploração da
biodiversidade, recursos genéticos e bioquímicos de uma região.
Lamentavelmente,
porém, apesar de ser o único bioma exclusivamente brasileiro a Caatinga vem
resistindo à exploração de madeira de forma ilegal e insustentável, a queimadas,
e intensos desmatamentos, para fins domésticos e indústrias, assim como o
Cerrado. Desse modo, deixa-se de lado os conceitos de sustentabilidade e
esquece - se da importância de tais biomas que têm um potencial pouco conhecido
e estudado pela ciência.
NÚCLEO DE BIOPROSPECÇÃO DA CAATINGA (NBIOCAAT)
O Núcleo de
Bioprospecção da Caatinga (NBioCaat) possui caráter
multidisciplinar, com atuação de químicos, físicos, farmacêuticos, biomédicos,
biólogos e engenheiros de várias regiões do Brasil, articulados para trabalhar
com a finalidade de selecionar espécies, isolar e caracterizar quimicamente os
compostos das plantas da região semiárida brasileira que tenham propriedades
medicinais, terapêuticas e aromáticas. O objetivo do NBioCaat é encontrar
produtos com alguma atividade biológica com aplicação nos setores farmacêutico,
veterinário, biocontrole de pragas e cosméticos.
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